Como iniciar com um Aquário Marinho ?
O aquário marinho é com certeza um pedacinho do oceano ao alcance de nossas mãos: a beleza e as cores de corais e peixes marinhos são fascinantes. Se tiver a intenção de montar um aquário marinho e não tem experiência com peixes, o mais certo a se fazer é ler o máximo possível sobre aquário marinho. Entenda cada um dos processos de maturação do aquário, qualidade da água, tipos de filtração, mantimentos e etc.Depois de ter pesquisado e lido bastante sobre o aquarismo marinho, então você poderá começar a montar o seu próprio aquário marinho e começar a ter uma experiência muito, mas muito gratificante.
Você deverá ter em mente que o aquarismo marinho ainda é um hobby relativamente caro e consome bastante de seu tempo quando ainda não se tem uma certa experiência Não estou dizendo isso para assustar não, mas sim para alertá-lo de que não devemos montar um aquário e deixá-lo de canto, achando que está tudo muito bem, e sim darmos um mínimo de atenção para ele para que sempre esteja em ótimas condições. Claro, se você dedicar o tempo necessário, não haverá nenhum problema com o seu aquário e durará por muito mais tempo.
Um aquário marinho deve receber mais atenção do que um aquário doce, pois os seus parâmetros são mais rigorosos. Por conta disso, o fator principal que devemos ter para o sucesso do mesmo é a paciência: sem ela não há como progredir com o aquarismo marinho, tendo em vista que devemos observar o aquário desde o seu primeiro dia até que tudo esteja totalmente estabilizado.
Esse tempo varia de aquário para aquário, normalmente de um a dois meses! Os peixes que habitarão o seu aquário vão melhorando suas cores e inclusive reconhecerão a pessoa que normalmente se encarrega de cuidá-los.
Convertendo água doce em água salgada
Uma das questões mais freqüentes dos aquaristas é como converter de água doce para água salgada. Que equipamento precisa de ser substituído, que equipamento precisa de ser comprado, etc.A maior parte do equipamento usado em água doce pode ser usado num sistema de água salgada, com algumas exceções. Você deve começar por substituir o areão por algum tipo de material calcário. Alguns exemplos são o coral esmagado, dolomita ou aragonite.
Estes tipos de substrato tendem a ajudar a capacidade de buffer da água e a produzir um ambiente mais estável. A seguir, você precisa verificar se o equipamento tem partes metálicas. A água salgada enferrujará tudo o que não for aço inoxidável de alta qualidade. Existem aços inoxidáveis de baixo padrão no mercado que também ganharão ferrugem quando expostos à água salgada, então você precisa de cuidado redobrado.
O sistema de filtragem usado na água doce é normalmente adequado para a água salgada. Porém, você pode aproveitar a oportunidade para atualizar ou mudar os mecanismos de filtragem. Hoje já existem vários sistemas de filtros para aquário mais adequados para o aquarismo marinho. Além disso, qualquer que seja o sistema de filtragem que você venha a usar, deve adicionar algum tipo de circulação de água ao aquário. A água salgada tem um conteúdo de oxigênio dissolvido mais baixo que a água doce, portanto é preciso manter a água em movimento. De fato, é preciso mais que mover a água, por isso é muito importante escolher a bomba de circulação correta para cada tamanho de aquário. É preciso romper a superfície da água para maximizar a transferência de oxigênio com a atmosfera.
Finalmente, se você está pronto para mudar para água salgada, deve mesmo substituir toda a água no seu sistema. É melhor começar com água livre de nitratos para minimizar os problemas com as algas. Muita gente pensa que adicionar sal a um aquário de água doce irá originar um aquário de água salgada em ciclo. A experiência mostra que não é verdade. As bactérias nitrificantes de água salgada são diferentes das bactérias nitrificantes de água doce, portanto têm de ser cultivadas do zero. Como nota, as bactérias nitrificantes parecem ser sensíveis ao pH e à temperatura.
Portanto transportar algum areão de um aquário de água salgada tropical (24 ºC) para um aquário de água salgada temperada ( 21C) irá afetar as bactérias o suficiente para anular qualquer vantagem em usar o areão (como reduzir o tempo de ciclo).
Tipos de águas para um aquário marinho
Pode ser usada água sintética ou natural. A água sintética requer um certo conhecimento no preparo, pois muitos aquaristas utilizam água doce direto da rede pública (torneira) juntamente com o sal e pronto!Ideal seria adquirir a água deionizada ou então um aparelho deionizador como o produto “Tap Water Purifier” ou então outro chamado “Reverse Osmose“, pois assim você estará usando uma água totalmente pura, isenta de silicatos, nitratos, fosfatos e metais pesados, que são substâncias danosas a longo prazo para peixes e invertebrados, principalmente corais vivos. Além disso, algas indesejáveis poderão aparecer pelo uso de uma água inadequada: isso marca o início dos problemas com algas, principalmente algas marrons.
Trocas parciais de água natural
Primeiro de tudo, é claro, você deve adquirir uma água de boa procedência.- Deixá-la em repouso (recipiente atóxico) por no mínimo 30 dias em local escuro.
- Oxigená-la por aproximadamente oito horas.
- Ajustar a salinidade e temperatura para o mais próximo possível do seu aquário.
Trocas parciais de água sintética
- Adquirir sais de boa qualidade.
- Usar água deionizada ou água de osmose reversa.
- Misturar água + sal nas devidas proporções utilizando recipientes atóxicos.
- Oxigená-la por oito horas.
- Ajustar salinidade e temperatura (o mais próximo do seu aquário).
Elementos prejudiciais em aquários marinhos
Amônia: elemento altamente tóxico a peixes e invertebrados, aparece em grandes concentrações normalmente em aquários com sérios problemas de equilíbrio ou em tanques com excesso de poluição – que em geral é causado por excesso de alimentos ou peixes – ou com problemas de equipamentos insuficientes ou de baixa qualidade. Em aquários novos também costuma incomodar um pouco, mas assim como o nitrito, só causa estragos se os equipamentos não estiverem em ordem.Nitrito (NO2): trata-se de outro elemento bastante tóxico para peixes, mas nem tanto para invertebrados. Os níveis de nitrito em aquários deve ser preferencialmente zero.
Nitrato (NO3): o nitrato, diferentemente do nitrito, é acumulativo, praticamente inofensivo aos peixes em concentrações consideradas altas, mas extremamente prejudicial a corais e invertebrados. É considerado um dos principais responsáveis pelo aparecimento de algas verdes em nossos tanques. Seu controle deve ser preventivo, pois quando aparece em concentrações maiores, torna-se bem difícil baixá-lo.
Existem no mercado resinas removedoras deste elemento mas só funcionam em concentrações abaixo de 20 mg/L. Caso os níveis deste elemento sejam superiores a isto, efetue trocas parciais com mais freqüência e em maior quantidade, mas veja: não adianta nada tentar resolver o problema se não atingirmos o que o causa! Se o nitrato de seu aquário for crescente e de difícil controle, verifique se não está alimentando demais ou se não possui peixes demais.
Verifique também a potência do seu skimmer, a qualidade do sal e do carvão ativado que usa e certifique-se que está usando água deionizada e de estar fazendo trocas parciais de maneira correta e no tempo certo. Em aquários de filtro biológicos e dry-wets torna-se praticamente impossível controlar este elemento, mas devemos fazer o máximo possível. Para controlar este elemento usamos sempre o Sistema Jaubert, que consiste em placas pretas furadas com uma camada de cerca de 10 cm de cascalho de halimeda por cima.
Outros fatores importantes
Densidade: o ideal em marinhos, é manter em 1020 nos aquários para peixes, e cerca de 1023 a 1024 nos aquários de rochas vivas com corais e invertebrados. Aqueles densímetros plásticos importados são uma boa opção, embora pouco precisos. O ideal seria levá-los a um laboratório químico para aferição e calibragem periodicamente para uma maior exatidão nos dados. Lembre-se: melhor um tanque com salinidade errada que correções e variações bruscas.Se a densidade estiver alta, troque um pouco da água de seu aquário e complete com água doce. Nunca mais que 1% por vez para evitar variações bruscas. Se a densidade estiver baixa, acrescente um pouquinho de sal por dia, até atingir os níveis desejados ou em vez de completar a água que evapora com água doce, passe a completar com água salgada até atingir o objetivo. Quedas de densidade não são tão prejudiciais, mas um aumento brusco nestes níveis poderá dizimar a população de um aquário em questão de horas.
Temperatura: deve ser em torno de 24 a 26 graus. Corais e invertebrados mais sensíveis suportam temperaturas máximas de 28 graus (limite muito perigoso), e peixes seguram a bronca até uns 31 graus, mas não se sentem muito bem, pois quanto mais alta a temperatura da água, menor será a quantidade de oxigênio dissolvido. Para medir a temperatura, o melhor jeito é usar um termômetro eletrônico devido à sua precisão, apesar do seu custo ser bastante alto. Os termômetros flutuantes são a segunda melhor opção. Cuidado com aqueles do tipo adesivo, pois captam temperaturas externas e não somente da água e passam informações incorretas.
Potencial redox: é a capacidade que as bactérias benéficas tem de transformar (reduzir) os elementos. Um aquário com alto potencial redox é sempre cristalino, apresenta pouquíssimas ou nenhuma alga, estabilidade impressionante e melhor qualidade de vida dos habitantes. Só pode ser medido por um aparelho eletrônico, mas pode ser notado visualmente se apresentar às características já citadas. Influem diretamente no potencial redox: higiene, qualidade do sal e da água, qualidade do carvão ativado, quantidade e potência das bombas, quantidade e qualidade dos alimentos, quantidade e tamanho dos peixes, potência do skimmer, etc.
De 340 a 360 milivolts, consideramos bom. De 361 a 390 ótimo, e de 391 para cima, muito alto e até perigoso (caso comum com pessoas que usam ozônio em seus skimmers). Para termos um potencial redox sempre alto, devemos garantir o bom funcionamento dos fatores citados.
Importância do cálcio em aquários marinhos
Muitos corais usam o cálcio para formar seus esqueletos, que são compostos basicamente de carbonato de cálcio. Os corais obtêm o máximo de cálcio dissolvido na água ao seu redor para este processo. À medida que o cálcio é consumido pelos corais, algas vermelhas calcárias, Tridacnas e Halimeda, seus valores se tornam mais baixos no sistema. Com a queda no nível de cálcio inferior a 360 ppm, torna-se progressivamente mais difícil de os corais coletarem cálcio o suficiente para manter seu crescimento.Manter o nível de cálcio é um dos aspectos mais importantes do desenvolvimento dos corais no aquário marinho. A maioria dos aquaristas tentam manter os níveis naturais de calcio em torno de 420 ppm. Apesar dos corais necessitarem de cálcio, valores acima do normal não irão acelerar o seu crescimento. Pesquisas realizadas com Stylophora pistillata, por exemplo, mostram que os baixos níveis de cálcio limitam a calcificação, mas estes níveis acima de aproximadamente 360 ppm não aumentam sua capacidade de calcificação.
Por estas razões, sugiro que os aquaristas mantenham um nível de cálcio entre 380 e 450 ppm. Eu também recomendo o uso de suplementos a base de cálcio e aditivos para a manutenção da alcalinidade como rotina. O mais popular destes métodos de suplementação é o uso de kalkwasser, hidróxido de cálcio.
Se o nível de cálcio está diminuindo e precisa ser elevado, o kalkwasser ou hidróxido de cálcio não é a melhor escolha uma vez que aumentarão a alcalinidade também. Nesse caso, a adição de cloreto de cálcio será a melhor alternativa.
Assim como o cálcio, muitos corais utilizam a alcalinidade para a formação dos seus esqueletos, na qual são compostos basicamente por carbonatos de cálcio. Acredita-se que os corais absorvem o bicarbonato, convertem ele em carbonato e utilizam esse carbonato para formação de seus esqueletos.
Principais doenças em aquário marinho
O mais importante é identificar se a infestação é causada por bactérias, fungos, vírus ou parasitas (que são os agentes infecciosos mais comuns em aquários) ou se o problema de seu peixe foi causado por choques de densidade, pH, térmicos, ou problemas com stress devido a longas viagens, problemas no manuseio ou principalmente pela má qualidade da água.Parasitas: são seres que se aproveitam de outro ser para sobreviver, sem trazer qualquer benefício em troca, mas nem sempre o prejudicam. Um exemplo disso é um peixe chamado Rêmora que fica “grudado” em seres maiores como tubarões, golfinhos, entre outros, alimentando-se de seus restos, sem prejudicar seu hospedeiro.
Bactérias: são milhares de espécies de seres microscópicos unicelulares que habitam qualquer tipo de ambiente. Possuem extrema facilidade de reprodução e são capazes de se produzirem bilhões de espécimes em poucas horas em condições favoráveis. Algumas espécies de bactérias podem causar sérios problemas aos nossos peixes, mas nem todas as bactérias são más! Dependemos muito de algumas espécies de bactérias para mantermos vivos nossos peixes e invertebrados, e devemos proporcionar condições favoráveis a estas para que se reproduzam em quantidade suficiente e realizem suas funções.
No geral as principais doenças e agentes infecciosos que atacam os peixes marinhos são:
Amyloodinium ocellateum: chamado normalmente de Marine Velvet ou simplesmente oodinium. Atacam o peixe deixando-o com aspecto “empoeirado” e opaco, e nos casos mais avançados, gosmento. Tira o apetite, provoca “coceiras”, fazendo com que os animais se raspem nas pedras, e pode matar o peixe em alguns dias geralmente por sufocamento, já que infestam suas guelras. É altamente contagioso.
Cryptocaryon irritans: é o popular causador do Íctio. Invadem o peixe pelas escamas e guelras e vivem em sua pele. O peixe forma pequenas pintas brancas em volta deste protozoário, o que torna a doença facilmente identificável. O protozoário adulto sai do peixe para o fundo do tanque e forma uma cápsula protetora. Se multiplicam ali e saem em busca de novos hóspedes. Por isso, é altamente contagioso, mas se esta busca levar mais de 24 horas, estes parasitas morrem.
Black Spot Disease: é a “doença das pintas pretas”, mais facilmente identificável em peixes amarelos como yellow tangs por exemplo. Apresenta basicamente as mesmas características do Íctio e são altamente contagiosas. Estes parasitas geralmente se manifestam quando há um desequilíbrio no aquário, em geral quedas bruscas de temperatura, onde a resistência dos peixes cai deixando-os suscetíveis a estes problemas. Também pode ocorrer infestação devido a adição de um peixe já contaminado no tanque, falta de higiene do aquário, entre outros fatores.
Técnicas para cura de algumas doenças
Uma técnica bastante eficiente consiste em baixar a densidade de seu aquário de 1.023 para 1.017 com a adição de água doce. Isso ao longo de algumas horas até chegar nos 1.017. Se usada água de boa procedência e a sua adição for feita de forma lenta, não causará danos aos peixes, nem aos corais e invertebrados. A densidade deve ser mantida em 1.017 até que os peixes se curem por completo. Após esse período, deve haver um aumento gradativo da salinidade. Lembre-se que a água deionizada costuma apresentar um pH um pouco ácido. Se necessário, deve ser feita a correção antes de adicioná-la ao aquário.Banhos de água doce podem ser muito úteis para o caso de infestação de parasitas. As parasitas morrem em contato com a água doce devido ao choque de densidade (osmótico). Para dar banho em um peixe, pegue em um saquinho (transparente) com água doce, de preferência deionizada ou destilada, mas caso não consiga esta água, use água da torneira mesmo, mas tenha cuidado.
Faça os procedimentos necessários para remover o cloro da água. Coloque um décimo de uma colher de café de hidróxido de cálcio na água. Isto serve para elevar o pH, mas não coloque em hipótese alguma mais que 1 décimo de colher de café, caso contrário o pH pode subir demais e matar o seu peixe. Em seguida agite o saquinho freneticamente, por 1 ou 2 minutos, para misturar bem o hidróxido e, principalmente, oxigenar o máximo possível esta água. Coloque-o na água doce, no máximo 3 minutos. Normalmente o peixe, em contato com a água doce, sente-se mal e começa a se debater, passando a impressão que está morrendo. Isto é normal, mas se o peixe estiver muito debilitado, magro e muito infestado, opte por outro tipo de tratamento. Durante o banho, a partir de 30 segundos, algumas parasitas desprendem-se da pele do peixe e é possível observá-las, mas a maior parte das “pintinhas” sumirão após algumas horas.